domingo, 27 de dezembro de 2009

saudades futuras

-Pô... e eu me lembro de quando vocês namoravam...você ficava querendo que ela fosse lá e ela não ia...evitava entrar, te esperava no carro....pra agora ficar indo lá toda semana. Já é nessa rua?
- Não..mais pra frente. Pois é, amigo. Mulher é assim mesmo...depois que perde...
- É...sei bem.
- Mas já não me faz diferença. Seria uma baita babaquice se eu ainda fosse afim dela...mas acontece que eu não sou. Eu acabei ficando muito melhor do que imaginava. Não troco o que eu tenho hoje por nada.
- É. Eu sei. É nessa rua?
- Não. Na próxima. Enfim... deixa pra lá...deixa ir, deixa perder comanda, deixa ficar bêbada até passar mal, deixa achar que eu sou alguém mais apresentável agora, que não sou mais a garçonete. Pelo menos a partir de hoje, né?
- É...vou sentir saudades de você.
- Eu também. Muitas.
- Vai ser tenso ficar lá sem ter com quem fazer os comentários chulos que eu faço. Sem ter com quem rir quando o clima tá pesado...
- Imagina se no banco eu vou trabalhar ao lado de alguém que repara no sapato das mulheres que entram lá? Também vou sentir muito sua falta.
- Vou beber aquela garrafa de tequila toda em sua homenagem .
- Já tá chegando...Beba. Eu vou estar aqui torcendo por você, mas na banheira de um motel, se tudo der certo....rsrsrrsrs
- Tá vendo. Quem que vai parar do meu lado pra ficar falando essas besteiras?
- Pára...que já tá me dando vontade de chorar.
- Não esquece de mim, viu?
- Nunca. E vou te ajudar sempre que puder. Você merece. Vê se cria juízo e vai correr atrás das suas coisas. Não se acomoda.
- Eu não sei nada do que vai me acontecer em 2010. Mas vou pensar mais nessas coisas.
- Pense. E lembre de mim. E se prepara pra pedir uma folga depois do carnaval..início de março, depois que sair meu salário...você vai posar de patrão no Rio de Janeiro....rsrsrsr
- Já é aqui?
- É sim.
- Ela tá aí?
- Não. Vou fazer uma surpresa. Vai me encontar dormindo quando chegar.
- Você é foda, mulher! Te amo!
- Eu também. Te vejo amanhã.
- Me liga.
- Assim que acordar.

verdades

- Olha, eu te deixei vir até aqui pra poder te falar algumas coisas.
- Ham?
- Primeiro: queria muito que você conseguisse entender que pessoas não são melhores ou piores por suas orientações sexuais. Queria que você conseguisse ver que não existe um problema nisso. Olha ao seu redor. São todas minhas amigas. AMIGAS. Pessoas felizes, que saem, bebem, se divertem, tem amigos, beijam na boca e vão tomar café na padaria no dia seguinte de manhã. Sem que haja nenhum problema. Percebe?
- Você não vai ficar me dando lição de moral a essa hora da manhã, né?
- Não. Mas você vai ficar quietinha, me ouvindo. Porque até discutir com cliente por sua causa eu fiz hoje. E olha que já faz tempo que a gente não tem nada.
- Tá...
- Segundo: Eu queria que você soubesse que ninguém aqui tem paciência pros seus joguinhos, pros seus flertes forjados, pros seus momentos de "pagar de hetero" pras suas amiguinhas que fingem que não sabem que você é gay. Aqui, todo mundo sabe que você é gay. Todo mundo sabe quem você é. Então não força isso mais. Não na nosa frente. Porque sempre que você fizer uma cena dessas, você vai sobrar. E daqui pra frente eu não vou estar aqui pra ir atras e dizer pra você ficar. Pra dizer que você pode estar entre a gente. Me entendeu?
- Uhum.
- Melhor assim. Eu também quero que você fique bem.


Porquê tem horas que as circunstâncias te levam ao ápice da sinceridade.