sábado, 25 de julho de 2009

Isso que se cala

- Bom dia, Flor.
- Bom dia, chuchu. Tá melhor?
- Uhum.
- Vem aqui, me dá um abraço.
- Às vezes eu fico assim. Não liga não.
- Tudo bem. Só prefiro te ver bem.
- Eu vou ficar bem. A gente sempre fica, né? Quer um lanhe?
- Sim. Às vezes demora mais, outras demora menos, mas a gente sempre fica.
- É melhor pra mim assim. Tava tudo errado. É coisa demais indo contra e a gente teimando em dar braçada contra a maré.
- O que é fácil não tem graça.
- Mas o que se torna difícil demais vira masoquismo. E antes dele eu tava bem, sabe? Gosto dela.
- Ela gosta bastante de você.
- Eu sei. E por isso é melhor pra ela não continuar. Eu gosto, mas não tenho como dar tudo que ela merece e tudo que ela espera de alguém pra estar ao lado dela.
- É engraçado como as situações podem ser super diferentes, em lugares diferentes, com pessoas que nem imaginam a existência de terceiras e a conversa cair nas mesmas questões.
- É tudo que a gente faz pra tentar ser feliz, não é?
- E aí, vale mais a pena ter alguém que te ama e de quem você gosta ou largar tudo pra viver uma paixão que saiu não sei de onde?
- Vale mais a pena ficar com alguém de quem você gosta muito, mas que não te retribui isso como você gostaria ou seguir adiante esperando alguém que se apaixone tanto quanto você?
- Ela tem vinte anos mais que eu e as nossas idéias são bem parecidas. Confesso que acho bem razoável a postura dela.
- Eu também. Até porque, gosto dela demais. Você tem visto isso. A gente continua se vendo. Pode ser meio estranho às vezes, mas eu quero ela por perto ainda.
- Mas será que te ter por perto faz bem pra ela?
- Não sei.
- Acho bem bacana a relação de vocês. Se conseguirem levar isso dessa forma, acho que chegaram bem perto da perfeição.
- Pra mim não tá nada perfeito agora.
- Você vai ficar bem. A gente sempre fica.
- Não quero voltar pra ela, mas gostaria que ela estivesse aqui agora. Café ou mate?
- Mate.


"Somos eso que se calla, lo que se niega; la sumisión y la osadía mezclados en el mismo bolso; intercambio de papeles y acuerdos no pactados. Somos, con todo esto, los poetas anónimos de nuestras historias."

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