domingo, 7 de junho de 2009

mesa de bar

- Toma mais uma cerveja comigo?
- Só uma, tá? Preciso encontrar com ela.
- Precisa?
- Preciso. Brigamos ontem. Já não quero mais. Mas descobri que eu não sei terminar uma relação.
- É... a gente se acostuma.
- É puro costume mesmo. Porque fiquei um mês sem ver, sem falar direito e sem sentir a mínima falta. Daí a gente se encontra depois de um mês e só sai briga.
- Acho que você precisa resolver isso logo, porque tem uma grande tendência a você começar a "cagar" tudo no final.
- Meu medo é de já ter entrado nessa fase. Quase fui pra casa daquelas meninas hoje.
- Eu percebi.
- E já traí ela duas vezes.
- Amigo, resolve isso de uma vez. Vai ser melhor pra você. Até porque, da última vez que vocês entraram nessa de se sacanear, não deu certo. E você acabou sofrendo também. Não deve ser nada agradável ver ela com outro cara, não é?
- Não. Não é nada agradável. Na hora que terminar, eu não quero ver a cara dela mais. O que torna tudo mais difícil é que eu sei que vou chegar na casa dela agora, no meio da madrugada, depois de quatro tequilas e umas cervejinhas e ela vai falar e falar e falar e eu vou ouvir e ouvir e ouvir. Depois disso é bem capaz que a gente acabe transando.
- Ah...mas aí complica tudo, né?
- Tudo.
- Não vai terminar nunca desse jeito.
- Por isso que eu disse que não sei terminar uma relação.
- Talvez ainda falte você ter certeza de que é isso mesmo que você quer.
- Pensei muito na nossa conversa daquele dia. Você sempre me ajuda a pensar melhor sobre certas coisas.
- Amo você. Quero te ver bem sempre. E preciso de mais uma cerveja.
- Você quer a chave lá de casa?
- Não precisa. Acho que ela nem vai falar direito comigo.
- Ela não pára de olhar pra cá.
- Não sei se devo.
- Aí eu te falo a mesma coisa que você me disse agora. Precisa saber o que você quer.
- Esse precisar que me incomoda.
- Amiga, quer saber? Precisa coisa nenhuma. Vai e faz o que te der vontade. Você sempre foi assim, duvido que mude muito agora. Se essa conversa tivesse rolando quando nós tínhamos quinze anos, era bem capaz de eu te aconselhar a tentar ser mais racional, pensar mais antes de agir. Mas você é assim desde sempre. Filosofa sobre tudo e no fim, vai lá e faz só o que te dá vontade. E não acho que você esteja errada, não. Pelo que eu vejo, você acaba conseguindo o que quer. Mesmo que de um jeito meio estranho. As coisas simplesmente acontecem.
- É, as coisas acontecem.
- Queria essa conversa e essa cerveja até de manhã.
- Eu também.
- Mas preciso ir. Preciso resolver essa história de uma vez.
- Amigo, quer saber? Precisa nada. Vai lá e faz o que te der vontade.

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